quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Não tenho medo de tempestade, pois estou aprendendo a navegar meu próprio barco

Parece fácil mais é muito difícil viver longe dos seus pilares, mas às vezes na vida precisamos fazer escolhas em busca de realizar sonhos e para isso temos que pagar algum preço. É engraçado como Deus escreve certo por linhas tortas. Há quatro anos estava no 6º período da universidade e até então não tinha participado efetivamente da vida acadêmica. Porém ouvia os “buchichos” dos colegas mais antenados que falavam num tal de Curriculum Lattes, artigos em revista “Qualis A” nos periódicos da CAPES, resumos expandidos em congressos entre outros requisitos que são necessários para se ter uma vida acadêmica considerada bem sucedida. Eu que tinha uma rotina estressante de oficial adiministrativo que em nada se correlacionava com o que estava vivendo naquele momento, a biologia, ficava a ver navios tentando me inteirar e não conseguia. Eis que passeando pelos ainda desertos corredores do DBI da UFS, porque na época eles (a reitoria) não tinham cometido a sandice de aumentar as vagas da Biologia, sem antes reestruturar os laboratórios, quadros de professores etc. Vi um edital de monitoria para a Disciplina de Paleontologia a qual estava acabando de cursar. Eu diante da minha eterna modéstia exagerada, relutei, achei que não conseguiria passar. Mesmo assim me matriculei, estudei e passei. Foi uma surpresa para mim e até para minha orientadora, que tinha certeza que eu não gostava da disciplina que ela lecionava. Assim que pisei os pés naquele Paleo Laboratório foi paixão a primeira vista. Meus olhos cintilavam, minha mente fervilhava de idéias e aquele papo desconexo de antes entre meus colegas passou a fazer sentido. Hoje 09 de outubro de 2008, encontro-me na cidade de Recife a muitos quilômetros de distância da minha terra mãe, estudando e me dedicando a Geociência (Paleontologia) que fez meus olhos cintilarem e me lapidou, uma vez que, para realização de cada atividade sempre é necessário atenção, concentração, dedicação, perseverança, força, raciocínio lógico e uma pitadinha de sorte, para estar no lugar certo na hora exata para quem sabe fazer uma grande descoberta. A Paleontologia já me levou para lugares onde nunca antes pensei ir e sei que posso ir muito mais longe. Não quero e não vou parar. Por sorte contei com a colaboração e ajuda dos meus familiares e amigos (as) que se juntaram no que mais se parecia uma força tarefa para fazer com que eu não desistisse desse sonho. E aqui estou eu! Em Recife, tão falada por sua beleza natural e cultural, bem como por seus problemas de violência. Estou vivendo experiências incríveis que estão me fazendo crescer, amadurecer e ver a vida como ela realmente é com todas as suas mazelas, caminhos tortuosos, mas também com suas gratificações que me estão sendo conferidas a partir de muita luta e perseverança. Passei a valorizar coisas que antes não me importava como, por exemplo, o trabalho doméstico. Hoje sei o quanto ele é duro, maçante, porém primordial e necessário. Passei a ter preocupação com a alimentação. Afinal, se eu adoecer que cuidará de mim? Passei a valorizar cada centavo ganho, afinal se luta muito para tê-lo e não pode ser gasto com besteiras. Foi um tratamento de choque, foi uma mudança brusca, mas está sendo positiva. Alguém de Aracaju até comentou comigo que em Recife as pessoas eram fechadas e seria difícil fazer novos amigos, felizmente estou conseguindo verificar o contrário. Pessoas maravilhosas têm cruzado meu caminho e espero que essas boas almas continuem a aparecer. Mas a viagem ainda esta no começo muitas águas ainda irão rolar. E o meu barco,que por sinal estou aprendendo a guiar agora, com certeza irá resistir.

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