Sempre que retorno para Aracaju é possível fazer uma
retrospectiva da vida. Estar na casa onde dei meus primeiros passos e vivi
durante toda infância e adolescência, permite que eu faça esse exercício. Não
apenas estar na humilde residência, mas esse sentimento aflora quando vou ao
supermercado, a padaria, ao boteco da esquina. Tudo me traz lembranças, a
maioria delas boas. Olho para as casas vizinhas lembro-me dos moradores, das
ótimas amizades e fico emocionado. Não sei para onde o destino vai me levar,
mas precisarei de alguma forma sempre retornar aqui, para ter esses momentos.
Mesmo que os personagens não estejam mais aqui. É um carinho gratuito, uma
atenção despretensiosa, um querer bem atemporal. Num mundo tão cheio de
egoísmo, individualismo e autoconfiança desmedida. Estar em contato com todos
esses sentimentos é renovador. Mas vamos
contradições, embora sinta tudo isso, percebo o quanto modifiquei e constato
que essa vida pretérita não serve mais para mim. É apenas bonito, lindo de se
ver. Fico fortalecido e volto para a minha luta, solitária (por enquanto) no
dia a dia da grande metrópole nordestina. Hoje sou um homem metropolitano,
dinâmico, estressado, capitalista, que controla emoções. Que no fundo quer
apenas viver bem e fazer o bem.